A infância é um tempo precioso e se caracteriza pelo intenso processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança. É neste período da vida que o ser humano se subjetiva como sujeito e constrói sua identidade. Neste sentido, um dos recursos essenciais para uma uma infância saudável é o brincar. Essa atividade, predominante no período, contribui para a formação da criança, promovendo o desenvolvimento infantil, a aprendizagem emocional, escolar e social.
O brincar, quando vivido de forma livre e espontânea, gera prazer e possui um fim em si mesmo, proporcionando para a criança condições saudáveis para o seu desenvolvimento integral. Brincar livre significa não ter intervenção do adulto o tempo todo, ou seja, a criança é protagonista no processo.
Ao brincar com espontaneidade e liberdade, a criança pode fantasiar, criar situações imaginárias, satisfazer e elaborar desejos por vezes impossíveis para a sua realidade. Isso permite o favorecimento e restabelecimento da sua saúde psíquica, organizando suas emoções, ajustando positivamente sua agressividade, redimensionando sua relação com o prazer, com as regras, com o desejo, com os limites e fortalecendo a expressão de afirmação da sua identidade e de sua liberdade de ser.
Durante a experiência do brincar livre, espontâneo e compartilhado também ocorrem as mais importantes mudanças no desenvolvimento psíquico infantil, constituindo funções básicas e necessárias para a relação da criança consigo mesma, com os outros e com o mundo: coragem, resiliência, força, confiança, percepção e consciência de si e do outro são algumas das competências e habilidades socioemocionais que o brincar favorece. O brincar livre também favorece processos de simbolização e de representação que levam ao pensamento abstrato, à flexibilidade e criatividade, habilidades necessárias e requisitadas no mundo adulto de hoje.
Na psicomotricidade relacional, enfatizamos o prazer do brincar e a possibilidade de trabalhar o jogo simbólico que permite aflorar, de forma livre, atitudes da criança e do adolescente que estimulem a liberdade de expressão. O brincar é visto como um espaço de vivenciar regras, prazer, limites, socialização e experiências. Para Isabel Bellaguarda, o brincar estimula a expressão corporal e motora, priorizando outras formas de comunicação, como gestos, mímicas, posturas corporais e sons.